Qual o impacto da inteligência artificial na memória e no aprendizado?

Pesquisas exploram mudanças na cognição, dependência digital e a influência da tecnologia na construção de lembranças.

A inteligência artificial (IA) está cada vez mais presente no cotidiano, influenciando a forma como buscamos e armazenamos informações. Modelos como o ChatGPT já fazem parte das pesquisas online, levantando dúvidas sobre seus impactos na memória e no aprendizado.

Segundo um artigo publicado pela Nature, a preocupação com o uso excessivo de dispositivos digitais não é nova, mas tem causado problemas preocupantes.

Adrian Ward percebeu sua dependência de GPS quando se perdeu ao dirigir sem o celular. “Eu apenas instintivamente coloco no mapa e faço o que ele diz”, relatou.

Ward afirmou que as pessoas confiam mais em seu próprio conhecimento após usar o Google, mesmo sem realmente aprender. “Eu acho que menos do nosso conhecimento é interno e mais dele está armazenado externamente – e estamos acessando isso e sentindo como se fosse nosso”.

Pesquisas indicam que a internet pode funcionar como uma “memória externa”, reduzindo o esforço para lembrar informações. Em 2011, Betsy Sparrow identificou o “efeito Google”, sugerindo que as pessoas esquecem dados quando sabem que podem acessá-los facilmente.

 

No entanto, estudos mais recentes questionam essa tese. “O efeito Google é plausível e tem atraído atenção significativa”, afirmou Guido Hesselmann. Mas ele alertou que “um padrão mais alto deve ser aplicado ao pesquisar essas ideias”.

Impacto da IA na forma como pensamos

Diferente de buscas tradicionais, a IA entrega respostas prontas, alterando o modo como processamos informações. “Esta coisa toda do ChatGPT é um outro nível de tecnologia, que é realmente diferente de simplesmente digitar no Google ‘qual é a capital de Madagascar?’”, disse Elizabeth Marsh.

Marsh complementa que isso pode criar uma falsa sensação de domínio sobre um tema. “Pode ser uma das razões pelas quais você fica tão surpreso quando não consegue se lembrar de algo depois”.

Memórias falsas e reconstrução digital do passado

A IA não apenas recupera informações, mas também pode criar memórias falsas. Segundo Andrew Hoskins, ela está “recriando um passado que nunca experimentamos”.

Isso já ocorre com os chamados “deadbots”, robôs digitais de falecidos que geram falas nunca ditas pela pessoa original.


Microscópio de rastreamento de câncer da IA do Google é visto durante a Conferência Mundial de Inteligência Artificial de 2018 (WAIC 2018) em Xangai no dia 18 de setembro de 2018 (STR / AFP via Getty Images)

Ferramentas como o Google Fotos também influenciam a memória, organizando imagens e sugerindo lembranças de maneira automatizada. “Há tecnologias que nos permitem ver a nós mesmos e nossa memória autobiográfica de formas completamente novas”, como fotos se movimentado, destacou Hoskins.

Memória comprometida ou apenas envelhecimento?

Embora a tecnologia altere a forma como lembramos, cientistas afirmam que ela não está destruindo a memória. Daniel Schacter, de Harvard, analisou pesquisas sobre o tema e concluiu que “os dados existentes não sustentam alegações de que a internet ou os computadores estão ‘matando’ ou ‘arruinando’ a memória”.

Ele também sugere que a dificuldade em lembrar pode estar ligada ao envelhecimento. “Quando alguém me pergunta em um jantar por que não consegue se lembrar de nada, eu digo que está ficando mais velho”, afirmou. “Pode ser que, em relação às normas ajustadas para a idade, eles estejam indo muito bem”.

Futuro da memória na era digital

O impacto da IA na cognição ainda não é totalmente compreendido. “Sabemos quase nada”, admitiu Tali Sharot. A rápida evolução da tecnologia torna difícil medir seu efeito no aprendizado. “É realmente difícil de estudar, porque a IA está mudando tão rápido”, concluiu.

Se a IA facilita o acesso à informação, também pode modificar como aprendemos e lembramos. O desafio será equilibrar seu uso sem comprometer a capacidade humana de processar e reter conhecimento.


Fonte: Redação Epoch Times Brasil 

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Por: Artmosphera
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