O que o livro Medieval Graffiti de Matthew Champion nos traz hoje?
Quando pensamos na Idade Média, é comum imaginarmos reis, batalhas ou catedrais imponentes. Mas, no livro Medieval Graffiti: The Lost Voices of England’s Churches, Matthew Champion nos convida a olhar para outro lugar: para as paredes silenciosas das igrejas, onde homens e mulheres comuns gravaram seus medos, esperanças e orações. São desenhos de navios feitos por marinheiros que buscavam proteção, símbolos geométricos usados como amuletos contra o mal, e até marcas de devoção que substituíam palavras para aqueles que não sabiam
escrever.
O fascinante é que esses rabiscos, muitas vezes ignorados como vandalismo, revelam um mundo emocionalmente vivo, um diálogo íntimo entre o povo e o sagrado. Champion mostra que o grafite medieval não era um gesto de destruição, mas um ato de participação: uma forma de dizer “eu estive aqui, eu acredito, eu preciso de ajuda”. Ao
descobrir essas inscrições, sentimos a humanidade pulsando através dos séculos — pessoas anônimas que, como nós, buscavam sentido, proteção e expressão.
E aqui está a conexão poderosa: assim como no passado, também hoje usamos os muros das cidades para deixar mensagens. O grafite urbano contemporâneo nasce da mesma urgência — a de marcar presença, resistir ao silêncio imposto e dialogar com a coletividade.
As igrejas de pedra da Idade Média e os muros de concreto das metrópoles compartilham a mesma função: guardar vozes que não cabiam em livros oficiais, mas que se recusavam a desaparecer.
Medieval Graffiti é mais do que um estudo histórico; é um lembrete de que a verdadeira história não está apenas nos castelos ou nos documentos dos poderosos, mas também nas marcas feitas por mãos comuns. Ler este livro é
um convite a enxergar cada rabisco, antigo ou moderno, como parte de uma narrativa maior: a da humanidade tentando não ser esquecida.
Por: Claudia Pereira
“Imagens geradas por Inteligência Artficial chatgpt”
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