Curadora de arte do Palácio Biester leva obras para o 60° Prêmio Reina Sofia de Pintura e Escultura em Madrid
A pintura em pastel do italiano Fábio Cuffari Dialley e a escultura Gaia das brasileiras Malu Rebellato e Nani Nogara foram as indicações da curadora que estará na presença da Rainha Sofia da Espanha em 17.03
O olhar aguçado da curadora Ana Carolina de Villanueva, proprietária da Luka Art Gallery instalada no Palácio Biester, em Sintra- Portugal, transfere à cada exposição que realiza toda sua sensibilidade e experiência mas, desta vez foi algo ainda mais intenso. Uma conexão particular com duas obras muito especiais expostas na galeria, Carolina escolheu levá-las para além das muralhas do Palácio para uma possibilidade extremamente grandiosa. A primeira obra, realista sacra a pastel, “San Jorge Y el Dragón”, do artista italiano Fábio Cuffari Dialley e, a segunda, a grandiosa escultura “Gaia”, das artistas brasileiras Malu Rebellato e Nani Nogara, do Coletivo Duas Marias, feita com 10 mil coadores de café, coados por 10 mil mulheres.
A curadora levou as obras em mãos as obras à Madrid, e as apresentou ao comité do 60 Prêmio Reina Sofia de Pintura e Escultura em Madrid. O impacto e comoção gerados pelas obras as selecionaram para a exposição, com outros 67 artistas, após mais de 500 obras inscritas, e teve exposição inaugurada no passado dia 27 de fevereiro, na Casa de Vacas do Parque del Retiro, em Madrid – Espanha. A curadora e os artistas estiveram presentes na ocasião, e ainda aguardam com expectativa a premiação, em ato fechado, com a própria Rainha Sofia.
Em 2024, ambas obras estiveram expostas no Palácio Biester, onde mensalmente acontecem eventos com artistas consagrados mundialmente. Ana Carolina de Villanueva já realizou exposições com Hans Donner, Cristina Oiticica, Blake Jamieson, Lu Mourelle, entre outros importantes nomes das artes internacionais, “ter a única galeria de arte contemporânea instalada em um Palacio do século XIX, de toda a Europa, é algo incrível. Por isso procuro fazer exposições e vernissages que surpreendam sempre ao artista e aos convidados. Todos esperam pelo extraordinário”, diz a curadora, que é de origem espanhola, e já morou em diversos países, tendo assim, uma visão multicultural que abre as possibilidades para o mundo das artes e aos artistas que ela escolhe trabalhar.
Sobre as obras
A pintura sacra “San Jorge y El Dragón” do artista plástico italiano, Fábio Cuffari Dialley é pintada em técnica com pastel e o artista retrata os momentos cruciais e emocionantes da legendária luta entre o dragão e o momento, em que São Jorge encontra-o de frente e se encaram. É uma obra de total realismo e representa a luta diária de milhares de pessoas com seus medos, enfrentados com valentia.
A história de São Jorge e o Dragão é um dos eventos mais evocativos da história cristã, mas também revela profundos significados simbólicos na luta entre o bem e o mal. Nesta obra, de realismo sagrado pintado em pastel, o artista italiano pintou um dos momentos mais cruciais e emocionantes da lenda: o momento antes da luta contra o dragão, o primeiro momento em que São Jorge se encontra diante de uma imensa fera e aí sua fé é testada. A troca de olhares, representam diferentes consciências, emoção, medo e fé. São Jorge, em defesa dos fracos e oprimidos, luta e derrota o dragão, colocando todas as suas energias nele, mas confiando em sua própria vida com a ajuda de Deus. “Apesar de qualquer imenso problema que nos apareça diariamente, dores, perdas ou desafios, temos força e fé, para lutar e vencer”, pontua Carolina.
Já a escultura Gaia é extraordinária, impactante e majestosa com suas grandes proporções mais de 2m de altura e 1.80 de circunferência. É uma construção em um ambicioso e dedicado trabalho de costura e modelagem do tecido na confecção de um vestido unindo mais de 10 mil coadores de papel de café usados coados por 10 mil mulheres de várias partes do Brasil, que compõem uma estrutura corporal impecável. Mas, acima da sua capacidade técnica, a obra foi muito além de sua contextualização conceitual ao ser costurada por duas artistas do sul do Brasil.
Intrinsecamente, a escultura traz as histórias e representa a resiliência de todas as mulheres do mundo, que ao acordarem fazem seu café e seguem com fé e força o seu dia com suas tarefas rotineira, não importando a classe social, suas perdas e ganhos, alegrias e tristezas, seguem firmes o seu dia, “o mais comovente é pensar que, talvez aquele café, tenha sido o último dessa mulher. Afinal, nunca sabemos quando será.”, conclui Carolina.
Fonte: https://www.bienalmercosul.art.br/events/workshop-tablas-de-sarhua
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